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SÍNDROME DO PÂNICO: ISSO PODE TE AJUDAR

Atualizado: 20 de abr. de 2022


É cada vez mais comum em um consultório histórias sobre crises de ansiedade desesperadoras onde o paciente é tomado por um medo irracional e agudo. Síndrome do pânico sintomas: O corpo fica em um estado de dormência, a taquicardia começa, falta de ar acontece. Parece que se está fora da realidade, o medo de morrer fica intenso, e a sensação de perder o controle podem ocorrer. Passada a crise pode existir ainda o medo de outro ataque.


A síndrome do pânico é algo que parece ser misterioso e que pode apenas ser amenizado por remédios. Neste artigo, exponho uma visão psicológica sobre esta condição mental e sugiro algumas soluções.


De onde as crises vem? Por que existem pessoas que nunca as viveciaram? Como solucionar esse problema? Vamos começar pelo início.

transtorno de ansiedade? transtorno de pânico?

Uma ajudinha de Darwin

Para poder explicar o por quê um ataque de pânico acontece, temos que voltar no tempo. Imagine a espécie humana há 13 milhões de anos atrás quando ainda era muito primitiva. Vivíamos uma vida selvagem.


A gestação da fêmea durava 11 meses, o que significa que o bebê primitivo tinha mais tempo para formar defesas biológicas para viver no mundo. Quando nascia já podia andar e se alimentar sozinho, como por exemplo o que acontece com um potro: poucos momentos depois que a égua dá a luz, seu filhote já começa a se equilibrar sobre as quatro patas, andar e pastar sozinho. Muito diferente do que acontece com a cria da espécie humana.

Esta gestação de 11 meses só acontecia por conta da configuração física da fêmea primitiva: ela andava sobre quatro patas e sua anca tinha uma abertura bem maior para dar passagem à um recém nascido de tamanho igualmente maior e mais preparado fisicamente para viver na natureza sem uma ajuda tão intensa da mãe.

Quando a espécie humana vai começando a caminhar sobre as duas pernas, a anca da fêmea vai se transformando, ficando mais estreita. O recém nascido vai tendo um tamanho cada vez menor para conseguir sair por aquela passagem pequena.


Desse modo, a gestação começa a ter um tempo menor, o bebê nasce "antes da hora", sem muitas capacidades físicas para se virar sozinho. E então, nosso bebê moderno finaliza a sua formação fora da barriga da mãe, e é por isso que ele necessita de cuidados intensivos, tendo que ser assistido em basicamente tudo: a mãe o estimula mamar, o segura da maneira certa, o aquece, etc.

A desvantagem de ter saído da barriga antes da hora, antes de ter se formado por completo, é a de experimentar pela primeira vez que se é frágil diante do mundo e não se consegue viver sem os cuidados da mãe.


D. W. Winnicott, psicanalista e pediatra famoso, nomeia essa primeira experiência de medo que o bebê vivência como "medo da desintegração".E esta memória do medo, que alguns de nós experimenta de uma forma muito marcante na primeira infância, será reprimida no inconsciente durante anos e poderá ser revivida se houver algum gatilho.


Esse medo é irracional, difuso e inconsciente, e é chamado hoje pela psiquiatria de síndrome do pânico. O ataque de pânico pode indicar que este medo profundo foi "ativado".

O início de tudo é na primeira infância

Os potros tem medo? Sim, mas é um medo instintivo, do tipo: as onças são perigosas, andar por aí sozinho sem o meu bando é arriscado...

O medo da desintegração no bebê é um medo muito mais profundo. É se deparar com a própria impotência.

É, eu sei que pensar a experiência de um bebê deste modo pode ser incômodo. Mas como humanos, temos sentimentos complexos que podem ajudar ou atrapalhar o nosso desenvolvimento como pessoa. E se soubermos como lidar com estes sentimentos que transformam nossa vida em um caos, eles acabam se convertendo em uma ferramenta poderosa para o nosso bem estar. Falo disso depois.

Voltando ao assunto. Vimos que ao decorrer da história da nossa espécie, ficou mais fácil experimentar emoções que os nossos antepassados poderiam nunca ter experimentado antes. Isso não quer dizer que, hoje em dia, todos nós vamos experimentar este "medo da desintegração" ou ter sintomas da síndrome do pânico.

Se lembra que o papel da mãe atual é o de "terminar de gestar" seu bebê fora da barriga? Quando isso é feito de uma forma satisfatória os bebês não experimentam o"medo da desintegração", ou seja, não vivenciam essa primeira experiência aterrorizante que na idade adulta pode setransformar em uma crise de pânico.


Neste caso, os cuidados da mãe proporcionam um ambiente seguro para que o bebêsinta-se amparado e saiba que pode contar sempre com ele.

Mas quando há uma falha ambiental na qual o bebê sinta uma ameaça real contra sua existência, a maternagem não foi"suficientemente boa" como diz D. W. Winnicott. Isso quer dizer que o amparo da mãe não foi o bastante para fazer comque o bebê não sentisse esse "medo da desintegração".

Quando esse desamparo é sentido de um modo muito intenso pelo bebê, ele vai se percebendo como algo frágil,"quebradiço". Como se a possibilidade de parar de existir fosse algo muito real. Neste caso a maternagem não foi"suficientemente boa", e ela pode acontecer de duas formas: Ou os cuidados foram demasiados fazendo com que o bebêrecebesse a mensagem de que ele é impotente sem a mãe; Ou houve falta de cuidado, fazendo com que o bebê se sentisseinsuficiente para enfrentar o mundo.

A maternagem "suficientemente boa" está no caminho do meio, onde o bebê consegue se sentir protegido e ao longo dotempo vai criando uma segurança em si mesmo, sentindo que consegue se virar sozinho. Esse bebê irá se transformar emum adulto que se sente mais seguro e confortável com o mundo que o rodeia.

Ei...não vamos sair por aí culpando as nossas mães pela qualidade da maternagem que elas ofereceram. Elas também sãohumanas e tiveram as próprias histórias infantis. Vamos pensar no que podemos fazer por nós hoje...

Você não é mais um bebê

Essa é a boa notícia. Por mais que a sua realidade infantil pôde ter sido traumática um dia, a vida seguiu seu curso e hoje você está aí. Você conseguiu passar por etapas da sua vida até chegar nesta em que você se encontra hoje. Gimme five!

Você pode estar pensando: "e daí que eu consegui chegar à idade adulta?". Pois é, a vida na terra não é, e nunca foi garantida. Por mais que vivamos em tempos um pouco mais seguros do que os medievais, por exemplo, ainda temos que garanti-la de algum modo.


Freud dizia que a vida do ser humano é uma eterna luta em direção à sobrevivência: a natureza é muito mais poderosa do que nós e pode cessar a nossa existência em poucos segundos; estamos à mercê dos males do nosso corpo e podemos adoecer e finalmente, as interações humanas não são fáceis e podem, com certa facilidade, causar conflitos.


Então se permita dar um tapinha nas suas costas, você conseguiu organizar de uma forma razoável as suas defesas e capacidades para com o mundo.

Sindrome do Pânico Tratamento

Em uma visão psicanalítica, os ataques de pânico são indícios de que o medo inconsciente do desamparo ainda estão vivos em sua psique. E como resolver?

Enfrentar, acreditar, repetir!

É um conceito que é aplicado na psicoterapia cognitivo comportamental e tem muito valor. Para que o objeto ou situação gatilho não seja visto como algo tão aversivo, é preciso entrar em contato com ele, conhecê-lo melhor e reconhecer que você consegue lidar com ele.


Tudo isso é feito em pequenas doses, pouco a pouco se dessensibilizando, se acostumando com o gatilho. Quando o gatilho é estar sozinho, talvez você tenha que pouco a pouco ir incluindo atividades na sua agenda nas quais possa curtir sua própria companhia. Se é ir viajar, planeje com antecedência meios para não se sentir tão vulnerável. A construção da crença de que você pode e consegue se defender é um conceito muito importante para quem sofre com a Transtorno do Pânico.

Construir certezas

Quando se é um bebê, não há certeza sobre nada. O mundo é assustadoramente novo. Conforme se entra em contato como que te causa medo (de forma controlada), se adquire experiência, entendimento e conhecimento de forma que a situaçãoou objeto não são mais tão aversivos quanto um dia foram. Alfred Hitchcock, diretor de filmes de terror, dizia: "Não há nada mais assustador do que uma porta fechada".

É também importante valorizar as certezas que você já possui, talvez sobre os elementos mais simples da vida. Assim você pode se dar conta de que algumas coisas são simplesmente estáveis e seguras: uma família (adquirida ou não) que oferece suporte; capacidades e habilidades que dão base para sua sobrevivência, conquistas materiais ou emocionais, etc. Se pergunte sobre o que você tem alguma certeza na sua vida. Isso poderá lhe dar um senso de segurança interno maior.

Defender-se da falha ambiental

Há situações em que o gatilho ou objeto que provoca um ataque de pânico não são identificados. Isso acontece por que a relação mental que se faz no momento da crise é inconsciente. Algo no ambiente ou em você mesmo pode despertar este conteúdo reprimido, a "memória" da falha ambiental que um dia você viveu na sua primeira infância.


Neste caso, uma psicoterapia com base psicanalítica pode cair bem.

Nela, você e o psicólogo vão explorar as raízes deste gatilho para entendê-lo e resolvê-lo da melhor forma. A própria terapia é algo que recria um ambiente seguro, estável e confiável.

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Psicóloga Bruna Lima

CRP 06/130409

Bruna Lima Psicóloga Clínica

Psicblima@gmail.com

+55 11 99411-3832

Bruna Lima é psicóloga clínica com mais de 5 estrelas no Google. Graduou-se em Psicologia pelo Centro Universitário FMU  e tem 10 anos de experiência em psicologia clínica.

Cadastrada E-psi, atende on-line a brasileiros expatriados há 10 anos.

Possui três especializações/certificações em psicanálise pelas instituições:

Bruna também é colunista no AllPopStuff e tem um canal no YouTube.

Com sua sólida formação, Bruna utiliza abordagens psicanalíticas personalizadas para ajudar cada paciente adulto.

Oferece atendimento online e presencial. Entre em contato para agendar.

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