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Burnout, workaholismo e o mito de Ícaro: quando ser se confunde com fazer

  • 4 de abr.
  • 3 min de leitura

Tem quem perceba logo nos primeiros treinos de musculação ou nas posturas iniciais de uma aula de yoga: o corpo dói, reclama, mostra onde está travado, onde foi negligenciado. A dor física é didática — ela grita, aponta, sinaliza. Mas e a dor mental?


Burnout

Quem vive em modo workaholic muitas vezes não tem a menor consciência do esforço que está fazendo. A mente vai se esticando, girando mil pensamentos por minuto, tomando decisões, solucionando problemas — e tudo isso parece invisível. Afinal, é “só pensar”, “só se organizar”, “só dar conta”. Quando o esgotamento chega, ele vem silencioso e sorrateiro: sono agitado, irritação constante, cansaço que não passa, vontade de largar tudo. Mas o padrão costuma se repetir: "é só dormir que melhora", "é só um remedinho que resolve".


Essa ilusão de que o mental não tem limite é perigosa. Assim como o corpo, a mente também tem uma musculatura — e ela cansa. Quando a gente ultrapassa esse limite repetidamente, entra no território do burnout. E quando o burnout se instala, não é mais apenas cansaço. É como se a alma dissesse: chega, não quero mais viver assim.

Os sintomas do burnout: o corpo e a mente dando sinais


Muita gente demora a perceber que está em burnout porque os sinais se espalham, se misturam, se camuflam no dia a dia. Mas o corpo e a mente falam — sempre falam.

Alguns sintomas mais comuns:

  • Cansaço extremo e persistente, mesmo após dormir ou descansar;

  • Falta de motivação, sensação de “tanto faz” com tudo;

  • Irritabilidade constante e explosões emocionais fora do padrão;

  • Dificuldade de concentração e lapsos de memória;

  • Sensação de incompetência, inadequação ou fracasso, mesmo sendo reconhecido pelos outros;

  • Dores físicas recorrentes, como dor de cabeça, tensão muscular, problemas gástricos ou insônia;

  • Isolamento social e perda de interesse por coisas que antes davam prazer;

  • Vontade de abandonar tudo, somada à sensação de que nada do que se faz é suficiente.


Em estágios mais avançados, pode surgir também um vazio existencial profundo: uma desconexão com a própria vida, com o sentido das coisas. E aí não é mais só uma questão de “trabalhar demais” — é uma crise de identidade, de valores, de existência.



De Human Being a Human Doing


Ser versus fazer

Vivemos numa cultura em que o "fazer" virou sinônimo de "existir". Se não estou produzindo, não estou sendo útil. Se não estou sendo útil, o que estou fazendo aqui?

A sensação de estar vivo se confunde com estar ocupado. E isso vai nos tornando cada vez mais parecidos com máquinas: programados para executar, calcular, entregar. O que sobra da vida quando tudo se resume a uma lista de tarefas?

Ser, simplesmente ser, parece pouco. O silêncio parece vazio. O descanso gera culpa. O tédio se torna insuportável. Mas é justamente nesses espaços de não-fazer que o self pode emergir.



Quando a vida que se construiu começa a parecer estranha


Escolhas puramente estratégicas

Muita gente chega na vida adulta acreditando que está “indo bem” — seguiu as regras, construiu uma carreira, alcançou metas. Mas, em algum momento, vem o estranhamento: essa vida é mesmo minha?

É comum seguir caminhos profissionais com base em expectativas externas: o que os pais esperavam, o que o mercado valoriza, o que é “status” ou “seguro”. Mas ao fazer isso por tempo demais, corre-se o risco de construir uma vida inteira que não reflete quem se é de verdade. E então surge um desconforto existencial, uma sensação de estar fora do próprio eixo.

É como se, depois de tanto esforço, a pessoa se visse em um lugar que não tem absolutamente nada a ver com ela.



O mito de Ícaro e a queda anunciada


mito de ícaro

Ícaro, na mitologia grega, é o jovem que, com asas feitas de cera por seu pai Dédalo, se empolga com o voo e ignora os alertas. Vai alto demais, perto do sol — e a cera derrete. Ele cai.

É uma imagem potente para pensar o burnout. A ambição, o impulso de superação, o desejo de ir além dos limites — tudo isso pode ser belo. Mas se não houver escuta, cuidado e humildade para reconhecer que temos um corpo, uma mente e um emocional finitos, o voo vira queda.

Muitos workaholics vivem como Ícaro moderno: voando alto, com metas e resultados como combustível, sem perceber que as asas estão começando a derreter.



Reconhecer-se e voltar para si


O caminho de volta começa pela escuta. Reconhecer os sinais. Parar de achar que o cansaço é fraqueza. Olhar com coragem para a própria vida e se perguntar: isso aqui é o que eu quero? Isso aqui é quem eu sou?

A psicoterapia pode ser esse espaço de reconexão. De resgate da identidade. De reaprendizagem da pausa, do silêncio, do ser — sem necessariamente fazer.

Porque a vida não é só produtividade. E ser humano é muito mais do que ser útil.


Terapia para burnout

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Psicóloga Bruna Lima

CRP 06/130409

Bruna Lima Psicóloga Clínica

Psicblima@gmail.com

+55 11 99411-3832

Bruna Lima é psicóloga clínica com 5 estrelas no Google. Graduou-se em Psicologia pelo Centro Universitário FMU  e tem 10 anos de experiência em psicologia clínica.

Cadastrada E-psi, atende on-line a brasileiros expatriados há 10 anos.

Possui três especializações/certificações em psicanálise pelas instituições:

Bruna também é colunista no AllPopStuff e tem um canal no YouTube.

Com sua sólida formação, Bruna utiliza abordagens psicanalíticas personalizadas para ajudar cada paciente adulto.

Oferece atendimento online e presencial. Entre em contato para agendar.

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