Repetição de Padrões na Vida Adulta
A repetição de padrões da vida adulta às vezes parece pura casualidade: os mesmos tipos de relação, o mesmo trabalho que adoece, a mesma sensação de que a vida repete um roteiro já conhecido. Para muitos, isso tudo é explicado pela teoria do “espelho” — como se o outro apenas refletisse aquilo que não vemos em nós. Mas, na clínica, sabemos que o movimento é mais profundo do que um reflexo.
Desde Freud, e depois com autores como Ferenczi, Jung, entendemos que certas experiências deixam marcas tão precoces e intensas (como a nossa relação com os nossos cuidadores) que continuam atuando por caminhos que não passam pelo pensamento consciente. É como se algo em nós insistisse em levar a mesma cena ao palco outra vez, esperando — sem saber — que desta vez o desfecho possa ser diferente.
Essas repetições não são defeitos de personalidade, nem escolhas racionais: são modos de o inconsciente tentar reorganizar histórias antigas que ainda vivem dentro de nós. E, quando vistas de perto, revelam muito mais sobre a formação dos primeiros vínculos e da nossa hereditariedade psicológica do que sobre qualquer ideia de destino ou azar.
Como esses padrões se formam e por que eles retornam?
Quando falamos de repetição de padrões, reviver roteiros, reproduzir vínculos antigos, não estamos falando de destino nem de mero azar. Estamos falando da força dos primeiros modelos de relação — aquelas experiências emocionais que moldam a forma como a pessoa percebe o mundo, interpreta gestos, lê intenções e até decide o que considera “normal”.
O que foi vivido muito cedo, com grande intensidade emocional, tende a se fixar como referência silenciosa.
Se a figura masculina foi vivida como invasiva, ou a figura feminina como imprevisível; se o ambiente familiar era de controle, caos, ausência, competição, humilhação ou confusão emocional — isso cria um campo interno que mais tarde influencia:
o tipo de presença que a pessoa tolera,
o tipo de relação que a pessoa reconhece,
o tipo de vínculo que ela chama de “amor”,
e até o tipo de injustiça que ela aprende a aceitar.
E isso não se limita ao amor romântico.
Costuma aparecer também em escolhas profissionais repetitivas (“sempre caio em trabalhos que me exploram”), amizades que seguem o mesmo enredo, padrões de autocuidado, decisões financeiras ou situações que produzem sempre o mesmo desfecho emocional.
Com o passar dos anos — e das repetições — esse modo de funcionamento pode estreitar a visão de mundo. A pessoa começa a acreditar que “é só isso que a vida oferece”, que relacionamentos são sempre assim, que ela sempre será tratada da mesma maneira. A repetição cria uma sensação de inevitabilidade.
Essas repetições não acontecem porque a pessoa “quer”, mas porque o inconsciente tenta reorganizar experiências antigas que ainda não foram integradas (Jung, Freud). Não é um espelho, nem uma atração mágica — é a tentativa psíquica de dar sentido ao que foi vivido antes de haver palavras.
Exemplo de repetição de padrões
Uma mulher que cresceu com críticas constantes passa a aceitar, sem notar, empregos onde é sempre diminuída. Não porque “prefere assim”, mas porque aquele modo de ser tratada lhe soa familiar. É o velho roteiro reencontrado no presente. É a normalização.
Exemplo do resultado da terapia em caso de repetição de padrões
Um paciente se envolveu com uma mulher controladora e destrutiva — quase a réplica da dinâmica entre seus pais que se separaram quando ele ainda era criança. Para desfazer essa marca inconsciente, ele decidiu refazer sozinho a viagem a Machu Picchu que fizeram juntos: reencontrar aquele lugar com o próprio corpo, reescrever a cena, separar-se da sensação antiga de que ela sempre o venceria. Diante da repetição de padrões é necessário construir agencia e ter o poder de escolher, e isso só acontece quando estamos conscientes de que um padrão repetitivo inconsciente acontece.

Por que eu sempre atraio o mesmo tipo de pessoa, mesmo querendo o contrário?
Como saber quais padrões da minha infância nas minhas relações?
É possível parar de cair sempre nas mesmas histórias?
Terapia realmente ajuda a quebrar esses ciclos?
Olá
Meu nome é Bruna
Sou Bruna Lima, psicóloga clínica (CRP — adicionar seu número) e psicoterapeuta psicanalítica, com prática voltada para adultos em sofrimento emocional, especialmente em temas como trauma relacional, vínculos, autoestima e repetição de padrões afetivos.
Minha formação e supervisão são baseadas na tradição psicanalítica contemporânea, com influência de autores como Bion e Ferenczi. Participo regularmente de cursos e grupos de estudo vinculados a instituições reconhecidas, como a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP) e a Instituto Sedes Sapientiae.
Atendo online para todo o Brasil e presencialmente em São Paulo, na região da Avenida Paulista, em consultório voltado para escuta profunda, privacidade e cuidado individualizado.




