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Ilustração conceitual sobre autoestima e autoconfiança, mostrando o conflito interno entre autoexigência e autoaceitação. A imagem representa o esforço comum de melhorar a autoestima ou aumentar a autoestima quando existe um sentimento generalizado de inadequação e inferioridade, muitas vezes ligado à defectividade, à sensação de defeito interno e à falta de amor próprio. Evoca a experiência de pessoas sensíveis a críticas, com baixa autoestima, incluindo temas como autoestima feminina, autoestima das crianças, autoestima depois da separação e o impacto das relações familiares na autoestima. A cena sugere que superar esse sofrimento não depende apenas de correção ou esforço consciente, mas de um processo de autoaceitação construído a partir de vínculos mais seguros e menos persecutórios.

Autoestima: Se transforma? Se constrói? De onde ela Vem?

O problema da autoestima não é simplesmente “não se gostar”. Na clínica, o que aparece é um conflito psíquico ativo, no qual uma parte do sujeito deseja existir de forma espontânea enquanto outra o vigia, corrige e pune.


 A chamada “baixa autoestima” costuma ser o efeito de vínculos internalizados marcados por exigência, crítica ou instabilidade afetiva, não de uma falta real de valor pessoal. Por isso, tentar aumentar a autoestima por meio de reforço positivo ou mudança de pensamento raramente toca o núcleo do sofrimento: o autoataque que organiza a relação do sujeito consigo mesmo.

Autoconfiança ≠ Amor-próprio ≠ Autoestima

Autoconfiança, amor-próprio e autoestima costumam ser usados como sinônimos, mas ao meu ver eles operam em níveis diferentes. 


Autoconfiança está ligada à capacidade confiar em si, assim como se confia em um amigo próximo ou em uma pessoa da família. Já teve a experiencia de saber que voce vai dar conta de algo antes mesmo de fazê-lo?

"Sei que consigo atravessar a cidade e chegar a tal endereço", "Sei que consigo fazer o bebê dormir", "Sei que domino este assunto", etc. É um ato de decidir e sustentar performances: trabalhar, falar, produzir, liderar. É possível ser autoconfiante e, ainda assim, manter uma relação interna dura e persecutória.


O amor-próprio diz respeito a algo mais primário: a possibilidade de existir sem se violentar internamente, mesmo quando se falha, se depende ou se não corresponde a um ideal. Ele não depende de desempenho.


Já a autoestima aparece como um efeito da relação entre esses dois polos. Quando o sujeito só se autoriza a existir se funciona bem, a autoestima fica instável e condicional. Quando o amor-próprio não se constituiu (geralmente por falhas precoces de reconhecimento e cuidado), a autoestima passa a depender do olhar do outro, do sucesso ou da adaptação excessiva. 


Nesse sentido, a baixa autoestima não indica incapacidade, mas um modo aprendido de se tratar, de se perceber.

O mecanismo psíquico da autoestima

Na baixa autoestima, o sofrimento nasce de uma avaliação “negativa demais” de si que vira um paradigma psíquico contínuo, ou seja, um modelo de pensar em si mesmo que se retroalimenta. 


Existe uma parte interna em nós que deseja se mover, sentir, escolher, errar e acertar. Esta é a pulsão de vida, como dizia Freud; A outra parte, internalizada a partir de relações marcadas por exigência, crítica ou instabilidade, atua como juiz permanente: o superego. É esse embate que produz culpa difusa, vergonha persistente e a sensação de nunca ser suficiente - se o superego tiver uma força maior.


Clinicamente, a autoestima baixa se organiza como um arranjo defensivo: o autoataque funciona como tentativa de evitar perdas maiores: rejeição, abandono, desamor. Ao se punir antes, o sujeito tenta manter o vínculo e o controle. 


Por isso, simplesmente “pensar diferente”, "vestir um cropped", "comprar um carro importado" não dissolve o problema. O conflito na autoestima não é cognitivo e superficial, é relacional e histórico, algo profundo na psique. Inscrito na forma como o sujeito aprendeu a existir diante do outro e, depois, diante de si mesmo.

Por que correção, tarefas e modelos não transformam a autoestima de verdade

Abordagens baseadas em correção consciente partem da ideia de que, se o sujeito compreender que está “pensando errado”, ele passará a se tratar melhor. Seja por meio de tarefas, reestruturações ou novos esquemas, coloca-se um modelo externo no lugar do conflito psíquico que é interno. A autoridade do terapeuta ou do método tenta substituir a experiência interna da pessoa.


O limite disso é clínico: ninguém muda a forma como se sente por acreditar em algo porque alguém disse que é o correto. Isso produz adaptação, não transformação. É como na antiga imagem presente em tradições contemplativas: explicar o sabor do sal não faz ninguém conhecê-lo; é preciso provar. A autoestima não se reorganiza por instrução, mas pela experiência vivida de não ser atacado, corrigido ou moldado dentro da relação terapêutica.


Na análise, não se instala um novo paradigma para “pensar certo”. O que se transforma é a posição subjetiva: o sujeito comprova, pela experiência, que pode existir sem se violentar e mais: se reconecta ao valor próprio que existe. Quando isso acontece, a autoestima deixa de ser um esforço consciente e passa a emergir como efeito de uma relação interna menos persecutória, ou seja, mais saudável.

O QUE MUDA NUMA ANÁLISE: como a autoestima melhora quando a terapia é de um modelo aprofundado

Na análise, a autoestima não é trabalhada como um objetivo direto, como o de uma listinha de super mercado. Ela emerge como consequência de uma transformação mais profunda: a mudança da relação do sujeito consigo mesmo. Ao longo do processo, o autoataque deixa de ser a principal forma de organização psíquica, não porque foi corrigido, mas porque perde a sua função defensiva.


O sujeito passa a experimentar, na relação analítica, a possibilidade de existir sem precisar se justificar, se adaptar ou se antecipar à crítica. Essa experiência, repetida e elaborada, vai sendo internalizada. Com o tempo, aquilo que antes aparecia como culpa, vergonha ou exigência excessiva se reconfigura. A autoestima, então, deixa de depender do desempenho ou do olhar do outro e passa a se sustentar numa vivência interna mais estável e menos violenta.


E para além disso, cada relação que a pessoa tem com seu próprio valor é um "quebra-cabeças" diferente. Cada um tem sua própria história, experiências, relações que moldaram o seu valor próprio de algum modo específico. É ao longo de uma analise que a pessoa vai descobrindo a falibilidade de rótulos que acabou acatando, aceitando e levando consigo para a vida.

Para quem esse processo faz sentido

Este processo costuma fazer sentido para pessoas que:


  • já tentaram “melhorar a autoestima” mudando pensamentos, hábitos ou atitudes, mas sentiram que a critica interna continuava intacta

  • funcionam bem por fora, mas vivem com culpa, autocobrança ou sensação constante de insuficiência

  • percebem que só se autorizam a descansar, errar ou depender quando estão esgotadas

  • sentem que a autoestima oscila conforme o reconhecimento, a relação ou o desempenho

  • desconfiam de soluções rápidas e percebem que o sofrimento não é falta de esforço, mas de sustentação psíquica e emocional


Nesses casos, a questão central não é aprender a se valorizar, mas rever a forma como se aprendeu a existir em relação ao outro e depois, a si mesmo.

Olá

Meu nome é Bruna

Sou Bruna Lima, psicóloga clínica, com atuação em psicoterapia psicanalítica para adultos. Atendo pessoas que sentem angústia persistente, repetições emocionais, vazio ou sofrimento difuso que não se resolve apenas com técnicas de controle de sintomas.

Meu trabalho é orientado pela psicanálise (Bion, Klein, Ferenczi, Bollas) e por uma escuta clínica cuidadosa, que ajuda a dar forma psíquica ao que ainda não tem nome, diferenciando ansiedade comum de conflitos emocionais mais profundos.

Atendo na Av. Paulista  com possibilidade de atendimento presencial e online, oferecendo um espaço ético, seguro e contínuo para quem busca compreensão, elaboração emocional e transformação psíquica.

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30 de dezembro de 2025 às 15:13:36

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