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OBEDIÊNCIA CEGA EM RELAÇÕES TÓXICAS

Atualizado: 14 de abr.

A obediência cega é um tema recorrente nas relações com pessoas narcisistas, que têm um desejo constante de controle sobre os outros. Por mais paradoxal que possa parecer, muitas vezes os narcisistas não estão em controle de suas próprias vidas, mas buscam constantemente controlar a vida de outras pessoas.


Isso é especialmente verdadeiro em casos de seitas espirituais ou religiosas que viram manchete no jornal, conselheiros financeiros que vendem seus serviços e conhecimento mesmo tendo dívidas absurdas, pais abusivos que demandam respeito de seus filhos.



Eles buscam atuar como uma figura de autoridade absoluta e, muitas vezes, desencorajam a cooperação, exigindo obediência cega. Em uma relação com uma pessoa narcisista não existe igualdade, o que a pessoa no espectro TPN busca é realmente uma relação desigual.



A Anatomia da Obediência


Na filosofia, pensadores como Immanuel Kant argumentaram que a obediência é necessária para manter a ordem social e garantir a justiça. Segundo Kant, a obediência é um dever moral que decorre do nosso respeito pela lei e pelos direitos dos outros.


Ele acreditava que a obediência era uma virtude importante porque permitia que as pessoas vivessem juntas em harmonia e cooperação.


Por outro lado, alguns filósofos, como Friedrich Nietzsche, criticam a obediência como uma forma de conformidade e obediência. Nietzsche via a obediência como uma fraqueza que impede as pessoas de expressar sua verdadeira natureza e alcançar a felicidade e o sucesso.


Na psicanálise, a obediência é vista como um aspecto do desenvolvimento emocional normal. Segundo Sigmund Freud, a obediência é uma característica fundamental do superego, a parte da personalidade formada por normas e valores sociais internalizados na infância.


Agora, quando este superego está adoentado pode ocorrer uma tendência à submissão. A obediência cega pode ocorrer quando uma pessoa se submete a outra, perdendo sua autonomia e se tornando extremamente dependente das vontades e desejos do outro.



Como a relação de obediência ocorre? A psicanálise explica.


Obediente, quando toma consciência do que está ocorrendo em suas relações, pode se sentir enfeitiçado pelas sugestões ou exigências da pessoa que considera como líder.



Uma possível explicação para esse "feitiço" da obediência cega é o conceito de introjeção projetiva de Melanie Klein, uma psicanalista contemporânea de Freud.


De acordo com essa teoria, a introjeção projetiva ocorre quando uma pessoa internaliza os aspectos de outra pessoa e os projeta em si mesma. Às vezes um olhar, um gesto ou uma palavra de uma pessoa pode ter a intenção de acusar algo em quem recebe.


Miranda Presley em o "Diabo Veste Prada"

"Você não me parece confiável", "Existe algo que você está escondendo", "Você acabou de falar uma grande besteira", são exemplos de projeções que ocorrem nas entrelinhas da comunicação.


O emissor do sinal planta dentro do receptor um algo, que no caso de uma relação com um narcisista, é quase sempre negativo.


A questão que pode geralmente não ser atinada pelo receptor é que o aspecto negativo plantado é na verdade um aspecto do emissor originalmente.


No caso de um narcisista, talvez seja ele que não se sinta confiável, que esconde algo e que se sente inseguro sobre suas próprias idéias.


O narcisista projeta seus traços negativos em outra pessoa, fazendo com que ela se sinta incapaz de resistir ou se afastar da relação por exemplo, quando introjeta no codependente seu próprio sentimento de abandono, solidão e inadequação.


Como resultado, a pessoa que está sendo a receptora das mensagens do narcisista acaba ficando presa na relação, muitas vezes sem saber como sair.



A Codependência


A codependência é um padrão de comportamento psicológico no qual uma pessoa coloca as necessidades, desejos e bem-estar de outra pessoa acima das suas próprias, muitas vezes sacrificando sua própria saúde física e mental no processo.


É frequentemente associado a relacionamentos disfuncionais, como os que envolvem vício em substâncias, jogos de azar, sexo, relacionamentos simbióticos ou outros comportamentos viciantes.


O termo dependência não é um diagnóstico clínico, nem aparece nos manuais de diagnóstico de transtornos psiquiátricos.


Ele apareceu pela primeira vez nos círculos da Irmandade dos Alcoólicos Anônimos. O termo foi popularizado por livros como "No More Codependency" de Melody Beattie, que descreve a codependência como um padrão comportamental que se desenvolve ao cuidar de alguém com um problema de abuso de substâncias.


Desde então, o termo tem sido ampliado para incluir pessoas que são excessivamente preocupadas com os problemas dos outros em geral, e que têm dificuldade em estabelecer limites saudáveis.


A pessoa codependente pode sentir-se responsável pelo comportamento do outro e tentar servi-lo, a fim de manter uma sensação de estabilidade ou equilíbrio no relacionamento.


Esse comportamento muitas vezes resulta em uma dinâmica tóxica em que ambas as partes se tornam cada vez mais dependentes uma da outra.



Como parar este ciclo?


A resposta para esta pergunta é complexa, cada ser humano terá seu próprio caminho, desafios e soluções. Mas talvez o algo mais poderoso que alguém nesta situação pode fazer é pensar. E mais, pensar por si mesmo.


Pode parecer uma solução simplória, mas não a vejo assim.


Segundo Wilfred Bion, psicanalísta, pensar é um processo que envolve a busca e organização de informações para formar uma ideia ou conceito.


Ele acreditava que o pensamento era um processo ativo e criativo que envolvia tanto o consciente quanto o inconsciente. Segundo Bion, pensar é uma atividade que ocorre no espaço intermediário entre o sujeito e o objeto pensante.


Além disso, Bion acredita que o pensamento é a base do autodomínio. Ele acreditava que o pensamento permitia que uma pessoa se relacionasse com o mundo de forma autônoma e independente, em vez de ser dominada por impulsos e emoções descontroladas.


Bion argumentou que, quando o pensamento é suprimido ou reprimido, isso pode levar a uma série de patologias mentais e emocionais, incluindo ansiedade, depressão e transtornos de personalidade.

Assim, a partir da perspectiva de Bion, pensar é mais do que apenas uma atividade cognitiva, mas também um aspecto vital da saúde mental e emocional.

Então quando olhares, palavras e posturas enviesadas vierem em sua direção, não abrace a idéia transmitida pela outra pessoa imediatamente. Abra um espaço para pensar no que realmente está acontecendo naquele momento.

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Psicóloga Bruna Lima

CRP 06/130409

Bruna Lima Psicóloga Clínica

Psicblima@gmail.com

+55 11 99411-3832

Bruna Lima é psicóloga clínica com mais de 5 estrelas no Google. Graduou-se em Psicologia pelo Centro Universitário FMU  e tem 10 anos de experiência em psicologia clínica.

Cadastrada E-psi, atende on-line a brasileiros expatriados há 10 anos.

Possui três especializações/certificações em psicanálise pelas instituições:

Bruna também é colunista no AllPopStuff e tem um canal no YouTube.

Com sua sólida formação, Bruna utiliza abordagens psicanalíticas personalizadas para ajudar cada paciente adulto.

Oferece atendimento online e presencial. Entre em contato para agendar.

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