A ansiedade é uma condição muito comum hoje, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a ansiedade afeta 18,6 milhões de brasileiros.
Além disso, a ansiedade pode influenciar nossa performance no trabalho, na vida pessoal e até causar sintomas físicos. Se fala muito sobre os sintomas físicos, psicológicos que são com freqüência tratados com medicamentos. Mas esta é apenas a ponta do iceberg quando o assunto é ansiedade.
Sintomas da Crise de Ansiedade
Os sintomas podem acontecer a qualquer momento ao longo da crise.
Físicos
Enjoo e vômitos
Tontura ou sensação de desmaio
Falta de ar ou respiração ofegante
Dor ou aperto no peito e palpitações no coração
Dor de barriga, podendo ter diarreia
Roer as unhas, sentir tremores e falar muito rápido
Tensão muscular
Irritabilidade e dificuldade para dormir
Psicológicos
Agitação
Nervosismo
Dificuldade de concentração
Preocupação
Medo constante
Sensação de que algo ruim vai acontecer
Descontrole sobre as emoções e pensamentos
Pensamentos negativos
Tratamento convencional para a Ansiedade
O tratamento medicamentoso da ansiedade hoje em dia é bem comum e difundido. Em alguns casos a medicação é realmente importante, mas não a solução completa. Por exemplo, em casos de febre, os remédios que você toma servem apenas para tratar os sintomas da doença e não o que está realmente causando a febre.
No caso da ansiedade, os ansiolíticos reduzem os sintomas da tensão, nervosismo e medo, mas não o que realmente causa a tensão, nervosismo e medo dentro de você.
Uma temporada tomando um ansiolítico como Bromazepam, Diazepam, Alprazolam e Clonazepam podem dar um alívio enquanto o tratamento durar.
Mas conforme voltamos novamente para nossas vidas sem o remédio, encontramos novamente os mesmos estressores ambientais no trabalho ou na família, aqueles sentimentos indesejáveis que tentamos esquecer e as preocupações que parecem impossíveis de serem resolvidas.
Em resumo, a raiz do problema ainda está lá, e tomando o ansiolítico, apenas tiramos umas férias dela. E se você cogita que a sua saída seja tomar ansiolíticos pelo resto da vida, essa não vai ser uma boa escolha. O uso prolongado destes remédios trazem efeitos colaterais como dificuldade de concentração, amnésia temporária e dependência química.
As três coisas que você precisa saber para diminuir a Ansiedade de fato
1. A Ansiedade é INDICADOR de que algo não vai bem no seu mundo interior, e/ou exterior
Conforme a teoria da Psicologia Psicodinâmica, "a ansiedade reflete uma vulnerabilidade interior complexa, podendo ser emocional ou biológica, que diz sobre a falta de harmonia interna, antecipação do perigo, evidencia de alguma privação, dificuldade nos vínculos com as pessoas ou consequência de algum trauma passado". E o que isso quer dizer? Quer dizer que há algo aí dentro de você (sentimentos, emoções, pensamentos) estão em conflito, ou então, alguma crença inconsciente faz com que você se sinta muito vulnerável. Para entender como funciona este mecanismo, vou ilustrar com um exemplo:
Alan, 26 anos, pensa em se demitir após ganhar um cargo de confiança na empresa. Tem se sentido extremamente nervoso, agitado e preocupado, se sente mal fisicamente quando tem que ir ao trabalho. Estes são apenas os sintomas de Alan.
Se analisarmos de perto, Alan sempre teve uma uma estima própria muito negativa em decorrência da sua infância difícil. O cargo de confiança significa para ele a possibilidade de que o conceito negativo de si mesmo venha novamente à tona: "não vou conseguir, vou falhar", "não tenho competência para isso".
O conteúdo interno que te faz sofrer (pensamentos, emoções, sentimentos) é diferente em cada pessoa, sabendo que cada um de nós tem uma história, jeito de pensar e jeito de agir diferentes.
2. Entenda o seu desconforto interno, ele é justamente a pista que falta para se livrar da ansiedade
Crenças negativas sobre si mesmo, medo, relações complicadas, traumas passados são alguns dos exemplos deste desconforto interno, a raiz do problema, que faz com que você se sinta ansioso e até tenha uma crise de ansiedade. E eles também podem ser a pista decisiva para que você consiga diminuir cada vez mais a sua ansiedade. Com ajuda da psicologia você pode descobri-la. Veja alguns exemplos.
Crenças negativas sobre si mesmo: "não sou bom o bastante", "ninguém vai me amar ou gostar de mim", "não sou querido", "sou muito diferente", "sou imperfeito", "sempre errado", etc.
O que pode significar: Se pergunte sobre o que as pessoas significativas da sua vida querem de você; se na infância você recebeu o amor que queria ou necessitava; se alguma experiência infantil negativa fez com que você moldasse sua auto imagem deste modo; se não conseguia agradar as pessoas significativas da vida; se se comportava de uma maneira reativa (era agressivo quando na verdade queria amor), etc.
Medo e Traumas: "o mundo não é bom", "as pessoas sempre querem meu mal", "não há segurança", "não posso confiar em ninguém", etc.
Se pergunte se: Seus pais conseguiram lhe dar um ambiente seguro enquanto crescia?; sentiu um desamparo muito intenso quando era criança?; viveu em ambientes de fato perigosos?; perdeu alguma pessoa significativa na sua vida?; etc.
Relações complicadas: "todos me traem", "sempre atraio pessoas iguais", "não consigo ficar sozinho", "não é agressividade, é amor", etc.
Se pergunte se: Seus pais conseguiram lhe dar um ambiente seguro enquanto crescia?; sentiu um desamparo muito intenso quando era criança?; perdeu alguma pessoa significativa na sua vida?; como foi o exemplo de amor que recebeu dos seus pais?; recebeu o amor que queria ou necessitava na infância?; etc.
Reflita sobre estes pontos e sobre a sua relação com a situação que causa a sua ansiedade hoje. Tente encontrar algo em comum, lembranças ou gatilhos.
3. Usando a pista para decodificar a sua ansiedade
Então agora você sabe que a ansiedade é a ponta do iceberg, é o sintoma que aparece quando algo não está em harmonia no seu mundo interno. E mais, essa desarmonia interna pode ter sido construída dentro de você por vários motivos. Somos como um banco de dados, tudo que é vivido fica gravado dentro de nós, seja de uma maneira consciente ou de uma maneira inconsciente. Todos os dados que coletamos durante a vida faz de nós o que nós somos. Isso significa que sempre seremos assim? De modo algum! Quando tomamos controle sobre o nosso mundo interior e nos conhecemos mais e mais, somos capazes de operar grandes mudanças na vida, e para a melhor! Então vamos vamos ver com os exemplos, como você pode utilizar as pistas que você já tem na mão:
Decodificando crenças negativas sobre si mesmo: Segundo D. Winnicott, a família é o primeiro contato com o mundo que a criança terá. Os pais agem como espelho para a criança, formando um seu senso de si mesmo nela (por isso os pais são uma grande influência sobre como você pensa sobre você mesmo). Sendo assim sua autoestima é formada conforme você se relaciona com as outras pessoas.
O que você pode fazer: Tente construir relações benéficas que podem fazer aflorar o melhor em você. Se especialize em algo que faça você se sentir valoroso. Faça terapia para se conhecer cada vez mais e descobrir quais são suas forças e desenvolve-las. E além disso, faça terapia para resolver possíveis traumas passados e se curar deles.
Decodificando os medos e traumas: D. Winnicott fala que o primeiro momento da infância onde os pais conseguem dar segurança adequada à criança, reforça a sua capacidade de confiar no mundo que a rodeia. Por isso os medos em um adulto foram um dia os medos dos próprios pais dele, foram passados adiante. Há também casos em que houveram falhas ambientais onde a criança sentia de um modo muito real a insegurança que o mundo representa. E quando se experimenta este tipo de sentimento na infância, isso pode se tornar uma crença cristalizada dentro de um adulto.
O que você pode fazer: Teste a sua realidade, o que você julga como ameaça pode não ser uma. Conforme você vai se questionando e verificando de fato que alguém ou alguma situação não oferece perigo, mais você poderá se sentir seguro. Faça terapia para lidar com os traumas e crenças inconscientes sobre este medo específico, descobrir como eles se formaram e como você pode se tornar mais forte com as suas experiências passadas.
Decodificando relações complicadas: Novamente, D. Winnicott fala que o estilo de se relacionar em um adulto decorre do estilo de relação que ele quando criança teve com os pais. Pais extremamente protetores ou até carentes, fazem com que o filho assimile o tipo de relacionamento baseado em codependência como algo natural e desejável. Assim como pais muito ausentes podem criar um sentimento de vazio na criança e na idade adulta, esta pessoa poderá ir em busca do preenchimento deste vazio.
O que você pode fazer: Construa uma relação boa consigo mesmo. Desenvolva por você um carinho, um respeito, uma compreensão. Assim, poderá, no tempo certo, ir em busca de um relacionamento no qual você se sinta bem. Faça terapia para descobrir mais sobre os seus desejos, necessidades, e sobre quem você é.
Uma dica importante para todos os ansiosos: O mundo não se resume ao que te causa ansiedade. Descubra outras fontes de prazer construtivo, isso pode te ajudar.
Então, como a melhora na ansiedade ocorre no tratamento psicoterapêutico? O terapeuta oferece uma empatia benigna e sem julgamentos, dando um suporte e criando com o paciente um modelo de relacionamento que encoraja a sua curiosidade (sobre si mesmo e o seu mundo) e acolhe os pensamentos e sentimentos do paciente sem o confrontar. Além disso o terapeuta esclarece e interpreta os sentimentos e pensamentos do paciente para que possam ir mais longe na busca do seu crescimento.
A ansiedade não é algo isolado, como vimos anteriormente, ela é o indicativo de que algo interno precisa ser trabalhado. Com um terapeuta, o ansioso descobre mais sobre os seus padrões de comportamento, os quais muitas vezes não conseguimos identificar e que também podem esclarecer muito sobre a ansiedade.
Terapia on-line para Ansiedade?
Hoje é super possível fazer terapia, não importa onde você esteja. A terapia online é uma boa para quem tem horários caóticos, para quem está longe ou para quem está fora do país.
Atividade física também ajuda o processo de cura
A atividade física é uma dessas fontes de prazer construtivo que você pode usar para se sentir melhor. Além disso, a atividade física é um bom modo de liberar certas químicas no seu corpo que podem equilibrar o seu bem estar, sem precisar de remédio. É claro, a atividade física é sempre algo benéfico, mas em casos mais críticos pode ser necessária a ajuda temporária de um ansiolítico. Praticar algum tipo de atividade física também pode ser um caminho para construir uma percepção positiva de você mesmo, já que nela você se supera continuamente.