O sono e os sonhos têm fascinado a humanidade desde tempos imemoriais. Mas o que exatamente é um sonho?
Como os sonhos são definidos e interpretados na psicologia, na filosofia e na ciência?
Neste artigo, exploraremos as diferentes abordagens para responder a pergunta: afinal, o que é um sonho?
Definindo sonho
Podemos definir um sonho como uma experiência mental vivida durante o sono, caracterizada por uma sucessão de imagens, sensações, pensamentos e emoções que ocorrem de forma involuntária.
Durante os sonhos, o cérebro apresenta uma atividade cerebral característica, principalmente durante o estágio conhecido como sono REM (Rapid Eye Movement).
Essa atividade cerebral é acompanhada por uma paralisia temporária dos músculos esqueléticos, que impede a realização física dos movimentos presentes nos sonhos.
Os sonhos podem envolver eventos reais ou imaginários e podem ser acompanhados de diferentes graus de clareza e intensidade.
Definição de sonho para a neurociência
A hipótese da ativação-síntese proposta pelos pesquisadores J. Allan Hobson e Robert W. McCarley sugere que os sonhos são gerados pelo cérebro como resultado da interação entre a atividade neuronal aleatória durante o sono REM e a tentativa do cérebro de sintetizar e dar sentido a essas atividades.
De acordo com essa teoria, os sonhos não têm um significado intrínseco ou simbólico, mas são o resultado de um processo biológico. Portanto, segundo essa perspectiva, os sonhos não têm um objetivo específico ou mensagem a transmitir.
Definição de sonho para a filosofia
A filosofia tem investigado os sonhos há séculos, oferecendo diversas perspectivas e teorias sobre o seu significado e natureza.
Alguns filósofos acreditam que os sonhos são reflexos da mente humana e das experiências vividas, enquanto outros veem os sonhos como manifestações do subconsciente ou como mensagens simbólicas.
O filósofo grego Platão considerava os sonhos como revelações divinas, enquanto o filósofo alemão Friedrich Nietzsche via os sonhos como expressões do desejo e da vontade de poder.
Definição de sonho para a psicologia
O sonho pode ser definido pela psicologia como uma experiência subjetiva que ocorre durante o sono, caracterizada por produção de uma série de imagens, pensamentos, emoções e sensações que pertencem ao mundo interno e privado do sonhador e que até podem parecer vívidos e reais.
Na psicologia, diferentes teorias têm sido propostas para explicar a natureza dos sonhos e seu significado. Veja a seguir.
Definição de sonho para a psicanálise
Sigmund Freud, em sua obra "A Interpretação dos Sonhos", destacou a importância dos sonhos como expressões do inconsciente.
Segundo Freud, os sonhos são uma via para a realização de desejos reprimidos, fornecendo uma forma simbólica de satisfação para impulsos reprimidos e conteúdos psicológicos ocultos.
Jung, por sua vez, propôs que os sonhos refletem a busca de individuação e a integração dos aspectos inconscientes da psique.
Para a psicanálise o sonho é uma expressão do nosso inconsciente individual, tem as funções de dar solução ou apaziguar conflitos emocionais e psíquicos do sonhador. É como uma digestão de conteúdos mentais.
O que os sonhos querem dizer?
Os sonhos têm como objetivo fundamental a transformação do pensamento e a elaboração de experiências emocionais.
Ele sugere que os sonhos são uma forma de processar e lidar com o desconhecido, o caos interno e os impulsos primitivos que não podem ser integrados conscientemente.
Desse modo o sonho não necessariamente querem comunicar a mensagem exata das imagens e histórias mostradas, mas definitivamente querem nos dizer algo.
Este algo que fica como uma "mensagem criptografada", que na minha visão, sempre fala de alguma vivência emocional interna que não pode ser processada na hora em que o determinado fato que a trouxe à tona aconteceu.
E esse 'não processamento' pode ter acontecido por conta do quão desagradável o pensamento ou o fato concreto foram.
Os sonhos podem mostrar à nós mesmos nossos anseios, ansiedades, inveja, vontades, amores, ódios e mal estar.
Explicação de um sonho = interpretação
As imagens, histórias, falas e emoções de um sonho podem parecer sem sentido, uma loucura e algo sem valor.
O sonho acontece em um outro "ambiente" mental, este ambiente tem uma outra lógica, além de ser atemporal. Por isso os sonhos não seguem uma linearidade como a nossa história enquanto estamos em vigília.
Mesmo tendo um outro tipo de narrativa, um sonho pode ser decodificado, por assim dizer.
A interpretação dos sonhos é um aspecto fundamental na psicologia dos sonhos. Freud desenvolveu uma técnica chamada "livre associação" para explorar o significado dos sonhos, permitindo que os pacientes expressem livremente seus pensamentos e associações em relação aos elementos dos sonhos.
Ele acreditava que os sonhos eram um terreno fértil para desvendar conflitos e desejos inconscientes, já que é no inconsciente que se encontra o "banco de dados" onde guardamos tudo o que foi captado pelos nossos sentidos.
Jung foi ainda mais longe, afirmando que existem elementos neste nosso "banco de dados" inconsciente que possa remontar a muitas gerações passadas, se transformando em algo que é herdado, assim como um gene.
Para Jung, a interpretação dos sonhos exigia um entendimento dos símbolos e da conexão com o inconsciente coletivo.
Significados dos sonhos
Os sonhos podem ter uma ampla variedade de significados e podem refletir aspectos emocionais, preocupações diárias, eventos passados, desejos reprimidos, medos, traumas e etc.
Cada indivíduo possui uma experiência única de sonhos, e sua interpretação pode variar de acordo com o contexto pessoal.
Pesquisas recentes têm explorado o papel dos sonhos na consolidação da memória, processamento emocional e criatividade.
Além disso, estudos têm investigado os sonhos em diferentes transtornos mentais, como transtornos de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático, visando compreender melhor as relações entre os conteúdos oníricos e a psicopatologia.
O que os sonhos podem significar?
Os sonhos são experiências fascinantes e complexas que ocorrem durante o sono. De acordo com a psicanálise, os sonhos têm um significado simbólico que reflete aspectos do nosso inconsciente.
E o que eles podem significar? Eles podem significar inúmeras coisas, a coisa mais provável é que seja uma que você já sabe mas de alguma forma "esconde" de si mesmo.
Esquisita esta ideia? Como Freud explicava, os conteúdos dos sonhos são imagens, pensamentos, emoções e sentimentos que já se encontram no seu mundo interno. Está tudo aí, dentro de você.
A questão é que o nosso mundo interno não é um catálogo aberto, e quando estamos acordados trabalhamos apenas com um agrupado de ideias, emoções e pensamentos mais ou menos constantes.
O resto de todo nosso "banco de dados psíquico" se encontra em uma área onde o foco da consciência não abarca.
E não é por que elementos estão fora do foco de consciência que não existem. Eles não são vistos em estados de vigília, mas podem ser vistos quando a consciência se rebaixa.
Também é importante dizer que no campo do inconsciente existe outra lógica e linguagem diferente da que usamos quando estamos acordados. É por isso que os sonhos parecem ter histórias malucas, uma série de imagens sem sentido e emoções para as quais não estávamos tão atentos.
Conclusão
A definição de sonho na psicologia vai além dos neurônios e impulsos elétricos, abrangendo aspectos simbólicos, emocionais e inconscientes da mente humana. A interpretação dos sonhos oferece uma janela para a compreensão do self e a exploração de desejos, conflitos e processos psicológicos ocultos.
Embora as contribuições de Freud e Jung tenham sido significativas, a pesquisa contemporânea continua a expandir nosso conhecimento sobre os sonhos e seu papel na psicologia.
Fonte
Freud, S. (1900). A interpretação dos sonhos. Editora Companhia das Letras.
Descartes, R. (1637). Meditações sobre a filosofia primeira. Editora Martins Fontes.
Aristotle, & Ross, W. D. (1908). On dreams. In The Works of Aristotle (Vol. 9, pp. 469-482). Oxford University Press.
Nietzsche, F. (1872). The Birth of Tragedy. Random House.
Hobson, J. A., & McCarley, R. W. (1977). The brain as a dream state generator: An activation-synthesis hypothesis of the dream process. American Journal of Psychiatry, 134(12), 1335-1348.
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